Procuradoria venezuelana denuncia crimes contra a humanidade
A Procuradoria da Venezuela solicitou à Organização das Nações Unidas, nesta sexta-feira (19), uma investigação formal sobre os recentes ataques realizados pelos Estados Unidos contra embarcações no Mar do Caribe. Segundo o procurador-geral Tarek William Saab, os ataques resultaram na morte de civis que, conforme o governo venezuelano, eram pescadores e não narcotraficantes, como alegado por Washington.
“O uso de mísseis e armas nucleares para assassinar, em série, pescadores indefesos em uma pequena lancha são crimes contra a humanidade que devem ser investigados pela ONU”, declarou Saab em comunicado oficial. O chanceler Yván Gil reforçou o pedido, afirmando que os próprios oficiais norte-americanos admitiram a execução extrajudicial de civis. O governo venezuelano exige que o Conselho de Segurança da ONU determine o fim imediato das ações militares dos Estados Unidos na região caribenha.
Desde o início de setembro, três embarcações foram destruídas por forças norte-americanas. O saldo é de 14 mortos. O governo dos Estados Unidos sustenta que os alvos estavam ligados ao narcotráfico e faz parte de uma ofensiva contra o suposto Cartel de los Soles, que teria como líder o presidente Nicolás Maduro. A recompensa oferecida por sua captura chega a US$ 50 milhões.

Militares dos EUA intensificam presença no sul do Caribe
A presença militar dos Estados Unidos no sul do Caribe aumentou significativamente nas últimas semanas. Foram enviados sete navios de guerra, um submarino nuclear e cerca de 4.500 militares. Caças F-35 foram deslocados para Porto Rico, enquanto aviões espiões P-8 sobrevoam a região em missões de reconhecimento. O aparato, segundo especialistas, ultrapassa o necessário para operações contra o narcotráfico.
Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, afirma que o tipo de equipamento mobilizado não condiz com ações de combate a cartéis. “Se você olhar o tipo de equipamento que foi enviado para a Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico”, disse. Maurício Santoro, doutor em Ciência Política e colaborador da Marinha do Brasil, comparou a situação à movimentação militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, sugerindo que uma intervenção pode estar em curso.
Em resposta, o presidente venezuelano Nicolás Maduro ordenou a mobilização da Força Armada Nacional Bolivariana. Na quarta-feira, 17 de setembro, foram iniciados exercícios militares na ilha de La Orchila, a 65 km do continente. A operação envolveu mais de 2.500 militares e o lançamento de mísseis C-802 e C-M90. Maduro também convocou civis para treinamento com armamentos, afirmando que os quartéis iriam às comunidades para ensinar o manuseio de sistemas de armas.
Maduro mobiliza tropas e civis para resistir a possível invasão
O presidente venezuelano declarou que no sábado, 20 de setembro, os quartéis iriam até o povo para ensinar o uso de armas. Segundo ele, essa será a primeira vez que soldados e equipamentos militares serão levados diretamente às comunidades. A medida visa preparar civis voluntários da milícia para uma possível ofensiva norte-americana.
“O que está por trás é um plano imperial para uma mudança de regime e impor um governo marionete dos Estados Unidos para virem roubar nosso petróleo, que é a maior reserva do mundo, e gás, que é a quarta do mundo. Mas isso não aconteceu e não vai acontecer”, afirmou Maduro em evento transmitido pela VTV.
A Força Armada Nacional também iniciou a operação “Caribe Soberano 200”, com exercícios militares envolvendo forças aéreas, marítimas e terrestres. O objetivo declarado é patrulhar a região e testar as capacidades ofensivas do país.

Especialistas apontam risco de intervenção militar iminente
A escalada militar no Caribe levanta preocupações entre analistas internacionais. O site Axios revelou que o presidente Trump solicitou um “menu de opções” sobre a Venezuela, e autoridades norte-americanas não descartam uma invasão. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o governo usará “toda a força” contra Maduro, mas evitou comentar os objetivos militares específicos.
A recompensa de US$50 milhões por informações que levem à captura de Maduro reforça a tese de que os Estados Unidos consideram o presidente venezuelano um fugitivo da Justiça. A mobilização de caças, navios e submarinos nucleares indica que Washington está preparado para uma ação de grande escala.
Enquanto isso, Caracas aposta na mobilização popular e no apoio internacional para resistir. A denúncia à ONU pode gerar repercussões diplomáticas significativas, especialmente entre países da América Latina e da União Europeia, que não reconhecem Maduro como presidente legítimo.
ONU é pressionada a agir diante da escalada geopolítica
A Venezuela espera que o Conselho de Segurança da ONU se posicione diante das denúncias. O governo venezuelano afirma que os ataques violam a soberania nacional e representam uma ameaça à estabilidade regional.
O chanceler Yván Gil declarou que é fundamental que se respeite a soberania política e territorial da Venezuela e de toda a região caribenha. Segundo ele, os ataques têm como objetivo semear o terror entre pescadores e comunidades costeiras.
Resumo da operação norte-americana:
- Navios enviados: 7 unidades de guerra, incluindo esquadrão anfíbio
- Militares mobilizados: cerca de 4.500 soldados
- Aeronaves: caças F-35 e aviões espiões P-8
- Submarino nuclear: em operação no sul do Caribe
- Objetivo declarado: combate ao narcotráfico e captura de Maduro
- Recompensa: US$ 50 milhões por informações sobre o presidente venezuelano
POR: G1
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