A COP30, prevista para acontecer em Belém do Pará, enfrenta um desafio que extrapola as pautas ambientais. Altos custos logísticos e de hospedagem já resultaram na ausência confirmada do presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen. O líder austríaco classificou os valores como incompatíveis com o orçamento da Chancelaria Presidencial. A decisão levantou críticas internacionais e acendeu um alerta sobre a exclusão de países pobres no evento climático mais importante do planeta.
O cancelamento que expôs um problema global
Conforme noticiado pela emissora pública austríaca ORF, o presidente Van der Bellen não virá à COP30. Embora tenha ressaltado o simbolismo de Belém como sede da conferência, ele afirmou que os custos logísticos são excessivos. A delegação austríaca estará representada apenas pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Totschnig.
Ademais, a ausência de um chefe de Estado europeu indica que a COP30 pode sofrer um esvaziamento diplomático. O local, que deveria simbolizar o protagonismo ambiental do Brasil, tornou-se um entrave logístico e financeiro. Afinal, o impacto da ausência de líderes internacionais vai além do aspecto simbólico — interfere diretamente no peso das decisões tomadas.
Países em desenvolvimento podem ser excluídos
Surpreendentemente, o problema não se limita à Áustria. Vários países africanos, asiáticos e do Pacífico também estão sob risco de não comparecer à COP30. Isso porque a ONU estipula um teto de gastos de 143 dólares por dia para delegações de nações menos desenvolvidas. Atualmente, hospedagens em Belém ultrapassam facilmente esse valor.
A crise escalou quando 25 países assinaram uma carta endereçada ao escritório climático da ONU. Entre os signatários está o bloco dos Países Menos Desenvolvidos (LDC), que inclui 44 nações vulneráveis, como Gâmbia, Tuvalu, Libéria e Angola. Estes países são os mais afetados pelas mudanças climáticas e, paradoxalmente, correm o risco de não participar das soluções globais.
“Temos que encontrar uma maneira de que eles possam estar em Belém. Com a ausência dos países pobres, ficaria uma COP sem legitimidade”, afirmou André Corrêa do Lago, presidente da COP30.

Impacto geopolítico da ausência austríaca
Analogamente, a ausência de líderes europeus pode enfraquecer a posição diplomática do Brasil. A presidência da COP30 tenta posicionar o país como um líder ambiental global. Contudo, a falta de infraestrutura e planejamento logístico coloca essa liderança sob questionamento.
É importante lembrar que a Áustria possui histórico de protagonismo ambiental. Van der Bellen, inclusive, é um defensor ativo do Acordo de Paris. Sua ausência será sentida não apenas pelos discursos que não serão proferidos, mas pelos acordos que podem deixar de ser firmados.
O dilema da hospedagem: crise anunciada
Anteriormente, o governo brasileiro tentou intervir na escalada dos preços em Belém. Porém, não houve acordo com a rede hoteleira local. Com baixa capacidade e alta demanda, os valores explodiram. Alguns estabelecimentos chegaram a cobrar valores acima de R$ 3.000 por noite.
Inclusive, a ONU precisou convocar uma reunião de emergência para tratar do assunto. A escalada de preços não só afasta nações pobres, como compromete a legitimidade e diversidade do evento. O Brasil corre o risco de sediar uma conferência internacional sem representatividade dos países mais impactados pela crise climática.

Panorama dos países ameaçados de exclusão 🌍
Veja abaixo os blocos mais afetados pela crise de hospedagem na COP30:
🟥 Bloco LDC (Países Menos Desenvolvidos):
• Tuvalu
• Libéria
• Angola
• Gâmbia
• Etiópia
• Malawi
• Haiti
• Sudão
🟧 Nações em desenvolvimento com orçamento limitado:
• Bolívia
• Nicarágua
• Moçambique
• Timor-Leste
🟩 Impacto direto:
• Baixa representação diplomática
• Ausência em mesas de negociação
• Redução de legitimidade nas decisões
📌 Fonte: Escritório Climático da ONU, 2025.
COP30 e a imagem internacional do Brasil
Certamente, a COP30 seria uma vitrine geopolítica para o Brasil. A realização em Belém tinha o objetivo de mostrar o compromisso do país com a proteção da Amazônia e com a justiça climática. Contudo, os desafios logísticos e financeiros mancham essa imagem.
Contudo, o governo brasileiro ainda tem margem de manobra. A mobilização de soluções emergenciais, como a criação de acomodações públicas temporárias, pode evitar um desastre diplomático. Outra alternativa discutida nos bastidores seria a subvenção de diárias com apoio da ONU ou de fundos internacionais.

O papel das Forças Armadas e da segurança logística
Analogamente, a realização de um evento dessa magnitude exige suporte estratégico das Forças Armadas. O transporte de autoridades, a proteção de delegações e o controle aéreo da região dependem de uma estrutura militar eficiente. O Exército Brasileiro já trabalha com planos de segurança integrada, mas enfrenta limitações orçamentárias semelhantes às da Chancelaria austríaca.
Aliás, parte da crítica internacional recai também sobre a falta de previsibilidade na organização do evento. A logística de transporte, segurança e alimentação deve ser pensada com meses de antecedência, sobretudo em regiões com infraestrutura limitada como o norte do Brasil.

COP30 corre risco de exclusão simbólica e diplomática
Principalmente, o grande desafio da COP30 não será apenas discutir metas climáticas. O verdadeiro teste será incluir quem mais precisa ser ouvido. Excluir países pobres por causa de preços altos fere o propósito do evento e, inevitavelmente, gera perda de legitimidade perante a comunidade internacional.
Conquanto os esforços para conter a crise sigam, o tempo é curto. Faltam menos de dez meses para o início da conferência. A ausência de um líder europeu, como Van der Bellen, pode ser apenas o primeiro sinal de um problema muito maior.
A importância da participação plena
Porquanto a COP30 seja um evento diplomático de alto nível, sua eficácia depende da pluralidade de vozes. O que está em jogo não é apenas uma conferência, mas a capacidade da comunidade internacional de agir de forma unificada frente à emergência climática.
Afinal, as nações mais afetadas pelas mudanças do clima não podem ser barradas por questões logísticas. Ademais, o futuro climático do planeta não pode ser decidido apenas por países ricos em ambientes confortáveis. O Brasil, como anfitrião, precisa liderar não apenas o debate, mas a inclusão real.