A crescente controvérsia em torno do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, ganhou um novo olhar ao se comparar com medidas semelhantes já aplicadas contra juízes venezuelanos. Ao todo, 14 magistrados do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela foram alvos de sanções econômicas dos Estados Unidos, um precedente que reflete tensões entre o Poder Judiciário e governos estrangeiros, com implicações políticas e jurídicas profundas.
Sanções contra juízes venezuelanos: contexto e medidas
Desde 2017, membros do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela sofreram punições econômicas por parte do governo americano, tanto durante administrações republicanas quanto democratas. Em setembro de 2024, uma nova rodada de sanções foi anunciada pelo Departamento do Tesouro dos EUA, visando seis magistrados que, segundo Washington, comprometeram a integridade do processo eleitoral venezuelano.
Entre os atingidos estão Inocencio Antonio Figueroa Arizaleta, Malaquias Gil Rodriguez, Juan Carlos Hidalgo Pandares, Caryslia Beatriz Rodriguez, Fanny Beatriz Marquez Cordero e Edward Miguel Briceno Cisneros. As medidas incluíram o bloqueio de bens, restrições a transações financeiras e limitações de acesso ao sistema bancário norte-americano.
O governo dos Estados Unidos acusou esses juízes de obstruir o processo eleitoral, bem como de impedir a divulgação de dados que poderiam confirmar ou contestar a vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial, contestada tanto interna quanto internacionalmente.
Parallelos com o caso Alexandre de Moraes e as tensões no Brasil
Desde janeiro de 2023, com a ascensão do governo de Donald Trump, líderes e grupos ligados à direita brasileira vêm pedindo a imposição de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, figura central do STF. Moraes é acusado por esses grupos de desrespeito a direitos humanos e de perseguir adversários políticos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, tem sido um dos principais articuladores dessas solicitações junto às autoridades norte-americanas. Em maio de 2024, o governo Trump confirmou que Moraes poderia ser alvo da Lei Magnitsky, instrumento que prevê punições econômicas a agentes estrangeiros responsáveis por violações de direitos humanos e corrupção.
Essas sanções são vistas como um instrumento político, refletindo a polarização crescente no cenário brasileiro e a disputa de narrativas sobre a atuação do Poder Judiciário.
Histórico das sanções e ações internacionais contra o Judiciário venezuelano
Sete anos antes da última leva de punições, em 2017, oito juízes do TSJ já haviam sido sancionados pela mesma agência americana, a OFAC (Office of Foreign Assets Control). Na ocasião, o governo Trump acusou esses magistrados de usurpar as atribuições do Poder Legislativo venezuelano, representado pela Assembleia Nacional, por meio de decisões judiciais consideradas arbitrárias e autoritárias.
As sanções refletem um esforço da comunidade internacional para pressionar o regime de Maduro e suas instituições, que são vistas como peças centrais na manutenção do poder, mesmo diante de acusações de violação de direitos e ruptura democrática.

Implicações para o Judiciário brasileiro e a política internacional
O caso de Alexandre de Moraes insere-se em um contexto global onde a independência e a atuação dos tribunais superiores têm sido alvo de contestações políticas intensas. As sanções contra juízes, além de medidas diplomáticas, representam um fenômeno que mistura direito, política e geopolítica, com impactos diretos na soberania dos países e na governança interna.
Enquanto a Venezuela enfrenta pressões internacionais para restaurar o estado democrático, o Brasil vê o Judiciário brasileiro sob escrutínio político, especialmente em meio à polarização e aos debates sobre liberdade, autoritarismo e justiça.
1 comment
É Xandão, o tempo tá fechando pra vc!