Um grupo de hackers russo, até então desconhecido, foi identificado como o responsável por uma série de ataques cibernéticos em 2024 contra as redes da polícia holandesa, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e de diversos governos europeus. A revelação foi feita só agora em 2025 pelas agências de inteligência holandesas, que alertaram para a crescente ameaça representada por essa organização que opera com provável apoio estatal.
Operações furtivas e espionagem digital de alta complexidade
Batizado pelas agências de segurança como Laundry Bear, esse grupo de hackers tem atuado nas sombras desde pelo menos 2024, até ser descoberto durante uma invasão em setembro daquele ano. Durante essa operação, os invasores obtiveram acesso a informações confidenciais de funcionários da polícia holandesa, evidenciando um alto nível de sofisticação técnica e planejamento.
A investigação detalhou que a Laundry Bear não se limita apenas a ataques pontuais, mas conduz uma campanha contínua de espionagem digital contra governos ocidentais e instituições estratégicas. Seu principal foco tem sido coletar dados relacionados à aquisição, produção e distribuição de equipamentos militares por países da OTAN, além de monitorar o envio de armamentos ocidentais à Ucrânia.
Essa atividade reflete uma preocupação russa em contornar as sanções impostas pelo Ocidente, buscando informações sensíveis sobre tecnologias avançadas que o país enfrenta dificuldades para acessar diretamente devido às restrições comerciais e políticas.
Implicações para a segurança internacional e as redes militares
A confirmação da atuação do Laundry Bear como uma ameaça digital com provável patrocínio estatal intensifica o cenário de guerra cibernética entre a Rússia e as potências ocidentais. Esses ataques evidenciam a vulnerabilidade das redes de segurança e defesa, ressaltando a necessidade urgente de reforço na proteção cibernética das instituições militares e policiais.
A espionagem eletrônica voltada para tecnologias militares pode comprometer projetos estratégicos e desestabilizar o equilíbrio de forças em um momento delicado do conflito no Leste Europeu. A coleta de informações sobre armamentos e equipamentos destinados à Ucrânia revela a busca russa por vantagem em um conflito que já dura anos e mobiliza uma complexa teia de interesses globais.
Além disso, o ataque contra a polícia holandesa expõe a fragilidade das instituições civis diante das ações de grupos especializados em cibercrimes patrocinados por governos. A estratégia da Laundry Bear inclui não apenas invasão e roubo de dados, mas também a tentativa de minar a confiança e a eficiência dos órgãos de segurança.

Contexto das operações cibernéticas russas e resposta ocidental
A atuação da Laundry Bear insere-se em um contexto mais amplo de ofensivas digitais russas que vêm crescendo desde a escalada do conflito na Ucrânia. A Rússia tem investido pesado em ciberataques para obter informações estratégicas, influenciar narrativas e provocar danos econômicos e institucionais em países que a apoiam politicamente.
Em resposta, a OTAN e os países aliados têm reforçado suas defesas cibernéticas, investindo em tecnologias avançadas, treinamento especializado e cooperação internacional para identificar e neutralizar ameaças. O monitoramento constante, aliado a ações preventivas, é fundamental para mitigar os riscos e garantir a segurança das operações militares e civis.
A divulgação dos ataques realizados pela Laundry Bear pela inteligência holandesa também serve como alerta para outras nações, incentivando a adoção de medidas robustas e colaborativas contra o avanço das ameaças digitais.
O papel da inteligência holandesa na descoberta
As agências de inteligência da Holanda — a Agência Geral de Inteligência e a Agência Militar — desempenharam papel fundamental ao identificar e comunicar ao Parlamento o envolvimento do Laundry Bear nos ataques cibernéticos. O trabalho rigoroso de investigação digital e a análise dos vastos volumes de dados roubados permitiram mapear as atividades do grupo, revelando sua sofisticação e alcance.
Esse episódio demonstra a importância do investimento contínuo em inteligência e cibersegurança para proteger as infraestruturas críticas dos países e garantir a integridade das informações militares.
POR: Reuters