A promoção do general Alcides Valeriano de Faria Júnior ao posto de general de Exército reacende discussões estratégicas sobre os rumos da política de defesa nacional. Afinal, trata-se da mais alta patente da Força Terrestre, conquistada por um oficial que, em 2019, ocupou uma função inédita no Comando Sul dos Estados Unidos (SOUTHCOM). A cerimônia de ascensão, realizada em Brasília, marca não apenas um avanço pessoal, mas também simboliza o grau de alinhamento entre o Exército Brasileiro e as forças armadas norte-americanas.
Conforme registros oficiais, Faria Júnior atuou como subcomandante de interoperabilidade no SOUTHCOM. Essa função envolvia a coordenação de exercícios conjuntos, protocolos operacionais e comunicações entre forças dos EUA e países latino-americanos. Surpreendentemente, foi a primeira vez que um general brasileiro integrou formalmente a estrutura de comando do Exército norte-americano. Esse fato gerou reações imediatas de especialistas em defesa, que passaram a questionar os limites da cooperação internacional e os riscos de subordinação estratégica.

SOUTHCOM e interoperabilidade: o papel do general brasileiro
Primeiramente, é preciso compreender o que representa o SOUTHCOM. O Comando Sul dos Estados Unidos é uma estrutura militar responsável por coordenar ações no Hemisfério Ocidental, com foco em segurança regional, combate ao narcotráfico e resposta a crises humanitárias. A presença de um oficial brasileiro nesse ambiente indica um nível elevado de confiança e integração operacional.
Aliás, a função de interoperabilidade exige domínio técnico e diplomático. O general Alcides precisou lidar com protocolos multinacionais, padronização de comunicações e alinhamento tático entre diferentes doutrinas militares. Conforme especialistas, esse tipo de experiência fortalece a capacidade de atuação conjunta, mas também levanta dúvidas sobre autonomia decisória.
📌 Responsabilidades no SOUTHCOM:
- Coordenação de exercícios militares multinacionais
- Padronização de comunicações entre forças aliadas
- Supervisão de protocolos operacionais conjuntos
- Intercâmbio de doutrinas e treinamentos
Analogamente, o pesquisador Ananias Oliveira, doutorando em Ciências Sociais, avalia que essa nomeação revela um grau elevado de alinhamento entre o Exército Brasileiro e os Estados Unidos. Segundo ele, “a existência de um posto de comando diretamente vinculado ao Exército norte-americano reforça essa realidade de subordinação e dependência”.
Outrossim, a ausência de informações públicas sobre a base legal da designação gerou críticas de setores acadêmicos e jurídicos. Afinal, submeter um oficial brasileiro a um comando estrangeiro sem transparência pode comprometer princípios constitucionais de soberania.
Cooperação militar e dependência estratégica: dilemas do alinhamento
Atualmente, o Brasil participa de diversos exercícios multinacionais, como CORE, UNITAS e PANAMAX. Essas manobras simulam operações combinadas em terra, mar e ar, envolvendo países das Américas e forças dos EUA. Conforme observadores, esses treinamentos promovem integração, mas também difundem doutrinas estrangeiras.
Inclusive, a maior parte dos oficiais das forças especiais brasileiras realiza cursos nos Estados Unidos. Essa prática, embora comum, reforça uma dependência formativa que pode influenciar decisões estratégicas. Ademais, parte significativa das compras militares feitas no exterior é administrada por fundos sediados em Washington, movimentando bilhões de dólares.
🎯 Aspectos que indicam dependência militar:
- Formação de oficiais em instituições norte-americanas
- Gestão de compras militares por fundos estrangeiros
- Participação frequente em exercícios sob comando dos EUA
- Adoção de doutrinas operacionais externas
Conquanto o governo brasileiro defenda a cooperação como instrumento de modernização, especialistas alertam para os riscos de subordinação estrutural. Conforme Oliveira, “em qualquer conflito entre Brasil e Estados Unidos, esse arranjo mostra a vulnerabilidade brasileira”.
Sobretudo, a promoção de Faria Júnior ocorre em um momento de redefinição da política externa brasileira. O governo Lula busca equilíbrio entre cooperação com Washington e autonomia estratégica. Assim, reforça sua atuação em fóruns como os BRICS e amplia parcerias Sul-Sul, sem romper com os Estados Unidos.

Influência no Exército Brasileiro: doutrina, adestramento e modernização
O cargo de general de Exército confere ao General Alcides poder direto sobre a doutrina, o adestramento e os programas de modernização da Força Terrestre. Portanto, sua experiência no SOUTHCOM pode influenciar decisões sobre intercâmbios, aquisições e protocolos de interoperabilidade.
Enquanto isso, o Brasil intensifica sua presença em operações multinacionais. Os exercícios CORE simulam ações terrestres combinadas, o UNITAS promove integração naval e o PANAMAX foca na proteção de rotas comerciais e do Canal do Panamá. Esses cenários exigem alinhamento tático e estratégico com forças estrangeiras.
📣 Citação de especialista:
“Não é só o fato de existir esse cargo no SOUTHCOM. É todo um contexto histórico e atual que permite essa análise. O alinhamento, o envio de vários oficiais para os Estados Unidos, a dependência em termos de treinamentos e compras externas fazem parte de um padrão de subordinação estrutural.”
Todavia, a política de defesa brasileira precisa compatibilizar esses aprendizados com os princípios de soberania. Afinal, a autonomia decisória é um dos pilares da segurança nacional. Embora a interoperabilidade seja desejável, ela não pode comprometer a capacidade de ação independente.
Eventualmente, a trajetória do Gen Alcides pode servir como modelo para aprofundar a integração técnica, desde que acompanhada de mecanismos de controle e transparência. O desafio está em aproveitar o conhecimento adquirido sem abrir mão da soberania.
🛡️ Impactos da promoção no Exército Brasileiro:
- Definição de prioridades estratégicas
- Orientação de programas de intercâmbio
- Supervisão de treinamentos multinacionais
- Influência sobre aquisições e doutrina operacional
Conforme o cenário internacional evolui, o Brasil precisa estabelecer limites claros para sua cooperação militar. A experiência no SOUTHCOM oferece ferramentas valiosas, mas exige vigilância institucional para evitar dependência excessiva.
POR: ICL Notícias
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