A Operação BRACOLPER 2025 coloca em ação uma complexa estrutura de cooperação internacional entre as Marinhas do Brasil, Colômbia e Peru. Com início em 18 de julho e previsão de encerramento em 31 do mesmo mês, a iniciativa reforça a interoperabilidade entre forças navais sul-americanas, combatendo ilícitos na tríplice fronteira da região amazônica. O exercício militar multinacional, que acontece há 51 anos, fortalece laços estratégicos e promove segurança em uma das áreas mais sensíveis do continente.
Realizada na bacia do Rio Amazonas, a operação envolve múltiplos meios navais, aeronavais e tropas ribeirinhas. O Brasil, como um dos principais articuladores da missão, emprega navios, helicópteros e Fuzileiros Navais do Comando da Flotilha do Amazonas. A presença brasileira destaca a importância da defesa da soberania amazônica e da projeção de poder em áreas fluviais.
Interoperabilidade em Ambiente Fluvial
A Marinha do Brasil (MB) participa da BRACOLPER 2025 com uma estrutura robusta e bem distribuída. Foram destacados os Navios-Patrulha Fluvial “Raposo Tavares” e “Rondônia”, além do Navio de Assistência Hospitalar “Oswaldo Cruz”. Essas embarcações são projetadas para missões de patrulha, socorro e apoio médico em regiões de difícil acesso, característica predominante na Amazônia brasileira.
Ademais, o exercício inclui a atuação de um destacamento do 1º Batalhão de Operações Ribeirinhas, especializado em assalto fluvial e combate em áreas densamente arborizadas. Para reforçar o apoio aéreo, a MB mobilizou uma aeronave do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Noroeste, oferecendo capacidade de evacuação, transporte e reconhecimento.
A cooperação entre as forças navais do Brasil, Colômbia e Peru visa aprimorar a resposta conjunta a ameaças assimétricas, como tráfico de drogas, contrabando e crimes transfronteiriços. Segundo o Vice-Almirante João Alberto de Araujo Lampert, comandante do 9º Distrito Naval, os estudos conjuntos em inteligência naval são essenciais para a defesa regional e o desenvolvimento soberano das “nossas Amazônias”.

Exercícios Operacionais em Múltiplas Frentes
As atividades táticas da Operação BRACOLPER ocorrem majoritariamente no leito do Rio Amazonas, o maior em volume de água do mundo e eixo vital de conexão entre os três países. A escolha do local garante realismo e aplicação prática dos treinamentos em ambiente fluvial.
Participam da operação os navios ARC “Arauca” e ARC “Reyes”, da Armada Colombiana, os BAP “Castilla” e BAP “Clavero”, da Marinha do Peru, além de uma aeronave MI-8T de apoio tático. Entre os exercícios executados destacam-se:
✔️ Assalto Fluvial Coordenado
Consiste no desembarque simultâneo de tropas em áreas ribeirinhas com apoio de navios e helicópteros. A manobra simula o controle de posições estratégicas sob ameaça.
✔️ Comunicações Navais em Múltiplos Idiomas
Utilização de bandeiras, lampejos e rádios para transmitir ordens durante as operações, com ênfase na comunicação em espanhol técnico-militar.
✔️ Leap Frog (Light Line)
Exercício de navegação lado a lado com conexão por cabo leve. Simula reabastecimento e transferência de cargas entre embarcações, essencial em áreas de difícil acesso terrestre.
✔️ Atracação sob Ameaça Assimétrica
As embarcações realizam manobras de atracação simulando a presença de grupos hostis. A atividade exige precisão e vigilância, preparando as tropas para cenários de sabotagem.
✔️ Manobras Táticas Coordenadas
Durante a navegação até Iquitos (Peru), os navios realizam mudanças de formação, respostas a ameaças simuladas e deslocamento estratégico conjunto.
Esses exercícios são planejados para manter a eficácia operacional e a prontidão das Marinhas diante de contextos reais que exigem resposta imediata e cooperação entre países fronteiriços.
Eventos Militares e Diplomáticos
A Operação BRACOLPER também se destaca por sua relevância simbólica. As datas magnas das nações envolvidas são celebradas com Desfiles Militares e Navais, reforçando os laços diplomáticos e o respeito mútuo entre os países.
📍 20 de julho – Letícia, Colômbia
➡️ 45 militares brasileiros participam do Desfile da Independência da Colômbia
➡️ Navios brasileiros, colombianos e peruanos realizam Desfile Naval
📍 28 de julho – Iquitos, Peru
➡️ Tropas brasileiras desfilam em comemoração à Independência do Peru
➡️ Encerramento com nova apresentação naval conjunta no Rio Amazonas
Esses eventos não apenas simbolizam a unidade entre os países amazônicos, como também projetam poder militar com diplomacia ativa. São demonstrações claras de que o Brasil mantém forte presença e cooperação no cenário geopolítico sul-americano.

Patrulha Naval Coordenada: Iniciativa Inédita
Surpreendentemente, a edição de 2025 marca uma novidade significativa: será realizada, pela primeira vez, uma atividade de patrulha naval coordenada em conjunto entre as três Marinhas. Essa operação terá início entre agosto e setembro, em Manaus (AM), durante a fase 3 da BRACOLPER.
A ação representa um avanço estratégico na defesa da Amazônia, consolidando um modelo de operação integrada. Conforme declarou o Vice-Almirante Lampert, a medida “eleva o patamar de cooperação” e demonstra a maturidade das relações militares entre os países participantes.
Aliás, a iniciativa inédita serve de modelo para futuras forças-tarefa fluviais em regiões sensíveis da América do Sul. É uma resposta eficaz a um cenário geopolítico onde o crime organizado transnacional impõe desafios crescentes às fronteiras.
Relevância Estratégica da BRACOLPER para o Brasil
A palavra-chave Operação BRACOLPER remete a um conceito muito mais amplo que simples treinamentos. Trata-se de um instrumento diplomático e militar de defesa regional, no qual o Brasil tem papel de liderança.
❚ Fortalece o controle sobre a Amazônia brasileira
❚ Reforça a cooperação militar internacional
❚ Melhora a capacidade de resposta a crimes transfronteiriços
❚ Projeta a capacidade logística da Marinha do Brasil
❚ Gera intercâmbio operacional e cultural entre militares
É importante lembrar que as ameaças modernas raramente respeitam fronteiras. Por isso, operações combinadas como a BRACOLPER são imprescindíveis para manter a paz, a legalidade e a soberania em regiões sensíveis.

Futuro das Operações Fluviais na Amazônia
Analogamente ao que já ocorre em teatros de operação marítimos e aéreos, os teatros fluviais exigem doutrina própria, equipamentos específicos e treinamento intensivo. A BRACOLPER funciona como campo real de testes e atualização tática para as forças navais envolvidas.
Enquanto isso, o desenvolvimento de tecnologias de navegação, detecção e comunicação em ambientes ribeirinhos segue sendo uma prioridade. A Marinha do Brasil, por sua expertise em rios amazônicos, oferece importante contribuição nesse avanço.
Certamente, os desdobramentos da BRACOLPER 2025 serão monitorados por analistas internacionais, dado o peso estratégico da Amazônia e a complexidade das ameaças modernas.