O mercado de defesa global acompanha de perto o avanço da fabricante sueca Saab, que acaba de divulgar um crescimento expressivo de 32% nas vendas no segundo trimestre de 2025. O impulso principal veio da entrada em operação dos caças Gripen na Força Aérea Brasileira (FAB), consolidando o Brasil como peça-chave na estratégia de expansão da empresa.
A entrada em serviço do Gripen E fortaleceu não apenas a capacidade de defesa aérea do país, mas também elevou o posicionamento da Saab no mercado internacional. A combinação entre inovação tecnológica, acordos de transferência de tecnologia e produção local no Brasil se mostrou um modelo de sucesso. Ao mesmo tempo, o cenário militar global instável aumentou a demanda por sistemas modernos de combate, favorecendo diretamente empresas como a Saab.
O impacto do Gripen E na estratégia da Força Aérea Brasileira
A aquisição e incorporação dos caças Gripen E/F, batizados de F-39 Gripen na FAB, faz parte do Programa FX-2, iniciado na década passada. O projeto prioriza a modernização da aviação de caça brasileira, substituindo aeronaves obsoletas por plataformas com maior alcance, sensores avançados e custo-benefício competitivo.
O Gripen E é um caça leve multiemprego, desenvolvido para oferecer alto desempenho em missões ar-ar, ar-solo e de reconhecimento. Ele incorpora:
✈️ Radar AESA de última geração
🧠 Sistemas de guerra eletrônica nativos
🎯 Capacidade de fusão de dados multissensor
📡 Comunicação segura e integrada com outras plataformas
A entrada em operação no Brasil marca um momento histórico, pois além do recebimento dos jatos, parte deles será montada em território nacional, na unidade de Gavião Peixoto (SP). Isso simboliza mais do que um simples contrato de fornecimento: trata-se de uma cooperação industrial e tecnológica com impacto direto na indústria de defesa brasileira.

Segmento de dynamics impulsiona faturamento da Saab
O relatório financeiro da Saab referente ao segundo trimestre de 2025 revelou que o segmento de dynamics, responsável por sistemas de armas e mísseis inteligentes, cresceu 73% no período. Este crescimento refletiu diretamente no resultado geral da empresa, que atingiu vendas de cerca de R$ 11,7 bilhões.
Além do desempenho positivo nas vendas, outros indicadores revelam a robustez do negócio:
- 📈 Entrada de pedidos: R$ 16,4 bilhões
- 💰 Lucro líquido: R$ 890 milhões (alta de 53%)
- 🏭 Investimentos em produção: Mantidos, apesar do fluxo de caixa negativo
- 🔮 Previsão de crescimento orgânico para 2025: Revisada de 12–16% para 16–20%
O bom momento financeiro permite que a Saab mantenha o ritmo de investimentos, especialmente no aprimoramento de sua capacidade industrial e em contratos de longo prazo com países parceiros. A expectativa é de que o lucro continue crescendo acima das receitas, consolidando o modelo de negócios da empresa.
Brasil como plataforma de exportação e polo estratégico
Ao aceitar o Gripen E como aeronave principal de caça, o Brasil deu um passo relevante no fortalecimento de sua indústria de defesa. A transferência de tecnologia, prevista no contrato com a Saab, já formou engenheiros, técnicos e pilotos brasileiros com acesso direto ao know-how sueco.
Esse modelo de cooperação gerou benefícios como:
✅ Montagem de caças no Brasil
✅ Desenvolvimento de componentes por empresas brasileiras
✅ Participação direta da Embraer no projeto
✅ Geração de empregos qualificados no setor aeronáutico
Além disso, a Saab vislumbra o Brasil como base de futuras exportações para a América Latina e outros mercados emergentes. A adaptação do caça à geografia e aos requisitos brasileiros funciona como uma vitrine para países com demandas semelhantes.
Gripen E x concorrência internacional
O Gripen E disputa mercado com aeronaves de peso, como o F-16V, o Rafale F4 e o Eurofighter Typhoon. No entanto, o modelo sueco se destaca por:
- 🔧 Custo operacional reduzido
- 🛠️ Alta disponibilidade técnica
- 🌐 Integração com armamentos da OTAN e parceiros externos
- 👩💻 Arquitetura aberta, permitindo futuras atualizações modulares
Com esse pacote, o Gripen E consegue oferecer performance semelhante à de caças mais pesados, porém com custos de operação significativamente menores. Essa equação se torna decisiva para países que desejam poder aéreo eficaz sem comprometer o orçamento de defesa.
Além disso, o caça opera bem em pistas curtas e pouco preparadas, ideal para cenários sul-americanos e africanos.

Perspectivas para a Saab e para a aviação militar brasileira
O avanço da Saab em meio à crescente demanda global por tecnologia militar revela um cenário favorável para a continuidade dos contratos. A empresa mantém foco em inovação contínua, com novas soluções para guerra eletrônica, sistemas de vigilância aérea e defesa antiaérea.
Para o Brasil, a entrada em operação do Gripen consolida sua soberania aérea e amplia sua capacidade de dissuasão regional. Ao mesmo tempo, insere o país em um grupo seleto de nações com acesso direto a tecnologias de ponta em aviação de caça.
📌 Destaques do trimestre para a Saab:
✔️ Entrada em operação do Gripen no Brasil e Suécia
✔️ Crescimento de 32% nas vendas totais
✔️ Segmento de dynamics com expansão de 73%
✔️ Lucro líquido com alta de 53%
✔️ Previsão otimista de crescimento até 20% em 2025
Essa performance sólida confirma que o investimento estratégico em tecnologia de defesa — como o Gripen E — gera resultados consistentes tanto para as forças armadas quanto para a indústria envolvida.
A Saab caminha para se consolidar como um dos principais fornecedores globais de sistemas de combate modernos, com o Brasil como protagonista regional nessa parceria.
POR: Aero Magazine UOL
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