A Marinha do Brasil deu um passo estratégico no fortalecimento de sua capacidade dissuasória ao assinar um contrato com a empresa SIATT para o fornecimento do moderno míssil MANSUP. A decisão integra a fase de armamento das novas Fragatas Classe Tamandaré, navios projetados para modernizar e ampliar o poder de combate da força naval brasileira. A escolha por um armamento 100% nacional representa mais do que um avanço operacional — é um movimento firme rumo à autonomia tecnológica na defesa.
O acordo, assinado no Rio de Janeiro, envolveu representantes das Forças Armadas, executivos da SIATT e membros do Grupo EDGE, conglomerado internacional com forte atuação no setor de defesa. A parceria garante não apenas o fornecimento do míssil antinavio MANSUP, como também reforça o compromisso do Brasil com a inovação e com o desenvolvimento de capacidades nacionais no setor militar.
MANSUP: o míssil antinavio que representa a virada da indústria brasileira de defesa
Desenvolvido especialmente para atender às demandas da Marinha, o MANSUP (Míssil Antinavio Nacional de Superfície) é fruto de um projeto que alia engenharia de sistemas, eletrônica embarcada e domínio completo de tecnologias de navegação e propulsão. Com alcance de médio porte e guiagem por radar ativo, o armamento é capaz de neutralizar ameaças em ambiente marítimo com alta precisão.
O diferencial do MANSUP está em sua origem 100% brasileira. Isso garante não apenas liberdade de uso e evolução do projeto, mas também diminui drasticamente a dependência do Brasil em relação a fornecedores estrangeiros. O míssil foi projetado para ser integrado aos sistemas de combate mais modernos, como o CMS (Combat Management System) das Fragatas Tamandaré, criando um conjunto coeso e altamente letal.
A SIATT, empresa responsável pelo desenvolvimento do armamento, é hoje uma das referências nacionais em tecnologia de defesa. Reconhecida como Empresa Estratégica de Defesa (EED), ela lidera projetos de integração de sistemas e mísseis inteligentes no Brasil. Seu CEO, Rogério Salvador, destacou a importância desse contrato:
“Este contrato com a Marinha demonstra a confiança na capacidade tecnológica e de produção da SIATT e no potencial do MANSUP como um vetor estratégico de dissuasão.”
Além da SIATT, o projeto MANSUP conta com o apoio decisivo do Grupo EDGE, dos Emirados Árabes Unidos. A multinacional atua globalmente em áreas como sistemas autônomos, propulsão avançada e guerra eletrônica. Com esse suporte, o Brasil consolida um modelo de cooperação internacional que respeita a soberania nacional e transfere conhecimento tecnológico para o parque industrial brasileiro.
Fragatas Tamandaré: a nova era da Marinha do Brasil
O Programa Fragatas Classe Tamandaré é o eixo central da modernização naval brasileira. Com um total de quatro embarcações previstas na fase inicial, essas fragatas substituirão unidades antigas da classe Niterói, posicionando a Marinha do Brasil em outro patamar de combate.
Projetadas para múltiplos perfis de missão — combate antinavio, antissubmarino e defesa aérea — as Fragatas Tamandaré são fruto de uma parceria entre a Marinha, a alemã thyssenkrupp Marine Systems (TKMS) e o consórcio Águas Azuis, responsável pela construção dos navios no Brasil. Os cascos estão sendo produzidos no estaleiro em Itajaí (SC), gerando empregos e impulsionando a indústria naval nacional.
Com a inclusão dos mísseis MANSUP, essas fragatas passam a contar com capacidade real de ataque de superfície. Isso significa que o Brasil terá navios capazes de engajar ameaças navais com mísseis guiados de última geração, operando de forma integrada com radares de vigilância, sistemas de controle de tiro e sensores táticos.
O Vice-Almirante Carlos Henrique de Lima Zampieri reforçou a importância da incorporação do míssil ao projeto naval:
“A integração do MANSUP às Fragatas Classe Tamandaré fortalecerá a capacidade de proteção marítima da Marinha do Brasil.”
A chegada dessas fragatas representa também uma evolução na chamada Amazônia Azul, nome dado à extensa zona marítima sob jurisdição brasileira. Com mais de 4,5 milhões de km², essa área possui importância estratégica, econômica e ambiental, sendo responsável por grande parte da produção de petróleo, biodiversidade marinha e rotas de comércio internacional. Garantir a segurança dessa faixa oceânica é, portanto, uma missão permanente da Marinha.

Soberania tecnológica e projeção de poder no Atlântico Sul
Ao apostar em soluções como o MANSUP, o Brasil não apenas arma seus navios — ele projeta independência. O uso de sistemas nacionais permite a adaptação contínua às necessidades da força naval e oferece margem para atualizações futuras sem dependência de licenças ou suporte estrangeiro.
Esse tipo de iniciativa fortalece o conceito de autonomia estratégica, essencial em tempos de incertezas geopolíticas. A indústria nacional de defesa ganha força, gera empregos qualificados e posiciona o país como desenvolvedor, não apenas consumidor, de tecnologias críticas.
A Marinha do Brasil, ao priorizar projetos como o MANSUP, sinaliza que está atenta aos desafios modernos. O investimento em inovação e integração de sistemas avançados mostra que o país não pretende depender de plataformas externas para garantir sua soberania no mar.
O contrato com a SIATT também revela uma visão de longo prazo. O míssil, hoje adaptado às Fragatas Tamandaré, pode futuramente ser embarcado em outras plataformas, como corvetas, navios-patrulha oceânicos e até sistemas costeiros de defesa. O conhecimento adquirido no processo amplia a capacidade da indústria brasileira de atuar em novos projetos de mísseis, radares, sensores e integração de combate.
Por fim, a aproximação com o Grupo EDGE mostra que o Brasil sabe formar parcerias estratégicas sem abrir mão de seus interesses. Esse modelo de cooperação tecnológica, com geração de propriedade intelectual dentro do território nacional, é um exemplo de como os países em desenvolvimento podem avançar sem perder soberania.
