Na madrugada desta sexta-feira, 13, uma série de bombardeios coordenados por Israel contra alvos estratégicos no Irã matou importantes nomes do alto comando militar iraniano e cientistas envolvidos diretamente no programa nuclear do país persa. A ofensiva atingiu instalações críticas, bases militares, residências de comandantes da Guarda Revolucionária e centros de pesquisa nuclear. Segundo fontes do The New York Times, essa foi a mais agressiva operação israelense em território iraniano nas últimas décadas.
A magnitude do ataque, que teria danificado inclusive o complexo de enriquecimento de urânio subterrâneo de Natanz, pegou o Irã de surpresa. A resposta iraniana começou com o lançamento de 100 drones, mas a retaliação ainda está em curso. Entre os mortos estão figuras centrais do aparato militar e científico iraniano, cuja eliminação representa um golpe severo à estrutura de defesa e ao desenvolvimento nuclear da nação.
Neste artigo, analisamos quem são os principais generais e cientistas iranianos mortos na operação israelense, o impacto de suas mortes no equilíbrio de poder na região e as implicações estratégicas para o futuro do programa nuclear do Irã.
O Alvo Militar: Chefes da Guarda Revolucionária Eliminados
Os ataques de Israel ao Irã tiveram como foco prioritário figuras-chave do setor militar. A Guarda Revolucionária Islâmica, considerada a força mais poderosa dentro das estruturas armadas iranianas, perdeu ao menos quatro generais de alto escalão.

Foto: Atta Kenare/AFP
Major General Mohammad Bagheri
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, Bagheri era a autoridade máxima das Forças Armadas, subordinado apenas ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. Veterano da guerra Irã-Iraque, Bagheri era considerado um estrategista com profundo conhecimento tático e político. Desde 2016, comandava o aparato militar com foco na modernização das forças e no avanço dos programas defensivos autônomos.
Sua morte representa um vácuo crítico no comando geral das Forças Armadas, particularmente em um momento de tensão regional. Bagheri era visto como um elo entre o comando político e as operações militares de campo.
General Hossein Salami
Nomeado em 2019 como comandante da Guarda Revolucionária, Salami também participou da guerra contra o Iraque e teve papel decisivo na articulação de milícias pró-Irã na Síria, Líbano e Iraque. Seus vínculos com o programa nuclear e com a política de dissuasão contra Israel renderam-lhe sanções dos EUA e da ONU.
Salami era uma figura polêmica, conhecida por discursos inflamatórios contra o Ocidente. Seu desaparecimento representa uma perda simbólica e operacional para a ala mais radical da cúpula iraniana.

General Gholamali Rashid
Vice-comandante das Forças Armadas do Irã e figura central nos bastidores da articulação militar. Rashid era responsável por coordenar a integração entre as unidades convencionais e a Guarda Revolucionária, além de supervisionar as operações conjuntas com forças paramilitares.
Sua morte enfraquece a cadeia de comando e dificulta a resposta rápida e coesa do Irã diante de ataques simultâneos e coordenados como os ocorridos nesta operação.
General Amir Ali Hajizadeh
Responsável direto pelo programa de mísseis da Guarda Revolucionária, Hajizadeh era o cérebro por trás do desenvolvimento de foguetes balísticos de longo alcance. Ele era apontado como o arquiteto das capacidades de dissuasão do Irã, incluindo mísseis capazes de atingir Tel Aviv e bases americanas no Golfo Pérsico.
Sua eliminação, segundo fontes israelenses, foi considerada um dos maiores sucessos da ofensiva. A perda de seu conhecimento técnico e estratégico representa um revés direto para o setor de mísseis de precisão do Irã.
O Golpe Científico: Cientistas do Programa Nuclear Assassinado
Além da cúpula militar, os ataques de Israel ao Irã visaram enfraquecer a espinha dorsal científica do programa nuclear iraniano. Pelo menos seis cientistas foram mortos, segundo a agência iraniana Tasnim.
Fereydoun Abbasi
Ex-diretor da Organização de Energia Atômica do Irã, Abbasi era um dos mais antigos e respeitados nomes do setor nuclear do país. Físico nuclear com especialização em engenharia de reatores, ele foi um dos sobreviventes de um atentado em 2010 atribuído ao Mossad. Dessa vez, não escapou.
Abbasi coordenou a reestruturação das instalações de enriquecimento de urânio após as sanções internacionais e esteve envolvido na modernização das centrífugas. Sua perda afeta profundamente a memória institucional e a capacidade operacional da agência atômica.
Mohammad Mehdi Tehranchi
Físico teórico e reitor da Universidade Islâmica Azad, Tehranchi era considerado o elo entre a academia e os programas de pesquisa militar. Ele liderava projetos com aplicação dupla — civil e militar — que envolviam desde o enriquecimento de urânio até estudos sobre materiais radioativos.
Seu papel na formação de novos cientistas e na interface entre pesquisa e defesa era estratégico para a sustentabilidade do programa nuclear iraniano no longo prazo.
A morte de ambos, em conjunto com outros quatro nomes ainda não oficialmente identificados, indica que a operação israelense teve como alvo não apenas instalações físicas, mas também o capital humano do programa nuclear.
Instalações Estratégicas Atacadas e Impacto no Programa Nuclear
Um dos principais alvos da ofensiva israelense foi o complexo subterrâneo de Natanz, onde o Irã mantinha centrífugas de última geração protegidas por camadas de concreto e sistemas antiaéreos. Essa instalação é considerada o coração do programa de enriquecimento de urânio do país.
Fontes iranianas confirmaram que o ataque causou danos significativos, embora a extensão ainda esteja sendo avaliada. Se confirmada a destruição parcial ou total de parte das centrífugas, o Irã poderá enfrentar retrocessos técnicos de anos no processo de enriquecimento.
Outros alvos incluem:
- Seis bases militares nos arredores de Teerã
- Dois complexos residenciais de alta segurança para comandantes militares
- Diversos edifícios residenciais e laboratórios periféricos
A abrangência da operação revela um mapeamento minucioso e detalhado por parte dos serviços de inteligência israelenses. A combinação de bombardeios cirúrgicos e ataques em áreas densamente povoadas sugere o uso de tecnologia avançada de guiamento e drones de reconhecimento.
Implicações Regionais e Resposta do Irã
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, classificou os ataques como uma violação intolerável da soberania nacional e prometeu uma “punição severa”. O país lançou 100 drones como primeiro ato de retaliação, mas analistas indicam que outras ações — como ataques cibernéticos, sabotagens em Israel ou ofensivas por milícias aliadas — devem ocorrer nos próximos dias.
A escalada gera preocupação entre as potências globais, que temem uma guerra aberta entre Israel e Irã. O ataque representa também um divisor de águas na doutrina de segurança israelense, que tradicionalmente evitava ataques diretos tão agressivos em solo iraniano.
Para o Irã, o desafio agora é reconstruir sua cadeia de comando militar e recuperar a capacidade científica perdida, enquanto administra uma resposta proporcional que evite desencadear uma guerra de grandes proporções.
FONTE: The New York Times