O alerta foi dado, e não veio de analistas externos ou de opositores políticos, mas sim dos próprios comandantes das Forças Armadas do Brasil. Em 2025, a crise orçamentária atingiu um nível tão crítico que Exército, Marinha e Aeronáutica precisaram informar oficialmente ao governo brasileiro a iminente falta de combustível nos quartéis, algo impensável em qualquer nação que leve a sério sua defesa nacional.
O corte de R$ 2,5 bilhões no orçamento do Ministério da Defesa compromete não apenas as operações estratégicas das Forças Armadas, como também os serviços essenciais que essas instituições prestam à população. Treinamentos foram cancelados, unidades racionam energia elétrica, e até o expediente semanal foi reduzido em bases da Força Aérea Brasileira em Brasília. O cenário é alarmante e gera sérias preocupações sobre a capacidade do Brasil de reagir a eventuais ameaças internas ou externas.
Impacto Operacional: A Paralisia da Defesa Nacional em Curso
A escassez de recursos já afeta diretamente as atividades mais básicas das Forças Armadas. Blindados parados por falta de manutenção, aeronaves fora de operação por ausência de peças e munições, e até mesmo a interrupção de treinamentos essenciais. Na Marinha, quartéis foram orientados a suspender o uso de ar-condicionado e elevadores para economizar energia. Na Aeronáutica, alguns destacamentos deixaram de funcionar um dia por semana para cortar custos.
A ironia é evidente: o Brasil figura entre os maiores produtores de petróleo do planeta, mas seus militares não têm combustível suficiente para rodar viaturas ou treinar pilotos. A situação gerou uma proposta extrema e simbólica: a venda de imóveis militares do Exército, uma tentativa de levantar recursos básicos para a manutenção da estrutura.
Há anos as Forças Armadas sofrem com contenções orçamentárias, independentemente do governo de turno. Mas os relatos de 2025 indicam que a situação se agravou drasticamente. Fontes militares confidenciaram que, em poucos meses, se nada for feito, será impossível manter as atividades-fim, ou seja, o núcleo operacional das forças que garante a soberania nacional.
Enquanto países como Estados Unidos, Rússia, China e nações da Europa seguem ampliando seus orçamentos militares, o Brasil caminha na direção contrária. Em um cenário global cada vez mais volátil, marcado por disputas territoriais e rearranjos geopolíticos, a fragilidade brasileira representa uma ameaça não apenas à defesa, mas também à posição internacional do país.
Erosão da Moral e Êxodo de Militares: Uma Profissão em Colapso
Além do colapso material, a crise nas Forças Armadas atinge em cheio o moral da tropa. A carreira militar, outrora símbolo de prestígio e respeito, vive um processo acelerado de desvalorização profissional. Somente nas primeiras cinco semanas de 2025, sessenta sargentos pediram baixa do Exército. Oito aviadores da FAB migraram para companhias aéreas civis, buscando melhores salários e condições de trabalho.
A defasagem salarial é um fator crucial. Um terceiro-sargento recebe pouco menos de R$ 5 mil mensais e leva cerca de oito anos para ganhar um reajuste inferior a R$ 1 mil. Enquanto isso, outras categorias do funcionalismo público, como o Judiciário, iniciam suas carreiras com salários superiores a R$ 10 mil. A comparação é desestimulante e revela um abismo entre o discurso político e a prática governamental no tratamento das instituições militares.
Essa insatisfação se agravou com o rumor da possível indicação de Gleisi Hoffmann para o Ministério da Defesa. Considerada figura antagônica às Forças Armadas, e com um histórico polêmico envolvendo apoio a regimes autoritários como o de Nicolás Maduro na Venezuela, sua presença geraria enorme resistência interna.
No Dia do Exército, celebrado em 19 de abril de 2025, o comandante do Exército, General Tomás Paiva, foi claro em seu discurso: a defesa do Brasil depende de investimentos, modernização e valorização das tropas. Ele alertou que o país está cada vez mais vulnerável diante do rápido redesenho geopolítico global.
E as ameaças são reais. A Venezuela de Maduro continua instável, com movimentos políticos expansionistas e forte interesse na região de Essequibo, território contestado com a Guiana e situado na fronteira com o Brasil. Sem capacidade operacional plena, o Brasil corre o risco de não conseguir proteger suas fronteiras em caso de escalada de tensões.

Consequências Imediatas para a População Brasileira
O colapso orçamentário nas Forças Armadas também afeta diretamente os brasileiros, sobretudo os que vivem nas áreas mais remotas. Na região amazônica, a Marinha do Brasil opera navios-hospital que prestam assistência médica e odontológica para comunidades isoladas. Sem verbas, essas missões estão em risco.
O Exército Brasileiro, por sua vez, atua diariamente no combate ao desmatamento ilegal, na proteção de povos indígenas e no suporte a missões de garantia da lei e da ordem. Já a Força Aérea Brasileira tem papel decisivo no transporte de órgãos para transplantes, medicamentos, e resgate de vítimas em acidentes em locais inacessíveis por terra.
Se os cortes continuarem, essas ações serão suspensas ou drasticamente reduzidas. A consequência será sentida pelos cidadãos que mais necessitam da presença do Estado. Além disso, o Brasil perde capacidade de resposta a crises humanitárias, desastres naturais ou emergências sanitárias.
Outro ponto sensível é o uso político da estrutura militar. Enquanto missões essenciais estão sem combustível, voos oficiais da FAB continuam sendo realizados para transportar autoridades políticas e membros do Supremo Tribunal Federal, com todos os recursos garantidos. A comparação tem gerado forte ressentimento entre os militares, que sentem que o foco do governo está longe da defesa nacional.
A crise revela uma falta de priorização estratégica. Ignorar a importância das Forças Armadas não apenas compromete a segurança, como representa um retrocesso em termos de soberania, credibilidade internacional e estabilidade interna. O Brasil está, literalmente, queimando seu próprio escudo de proteção.