Nas últimas décadas, poucos empresários influenciaram tanto o cenário global como Elon Musk. Dono de empresas de ponta como Tesla, SpaceX, Starlink e da rede social X, Musk representa uma fusão entre tecnologia, ousadia e visão estratégica. No entanto, esse perfil provocador também o coloca frequentemente no centro de grandes polêmicas. E a mais recente pode ter custado caro. Em um único dia — quinta-feira, 5 de junho de 2025 — o bilionário sul-africano viu sua fortuna pessoal encolher em impressionantes 34 bilhões de dólares, em decorrência de um conflito público com o presidente norte-americano Donald Trump. O embate, que teve como estopim divergências sobre subsídios e políticas fiscais, gerou pânico entre os investidores e derrubou as ações da Tesla em 14%.
Esse episódio já entrou para a história como a segunda maior perda individual em um só dia, atrás apenas de outro tombo sofrido pelo próprio Musk em novembro de 2021. A diferença, desta vez, está no cenário político altamente polarizado, e no envolvimento direto entre o homem mais rico do mundo e o presidente mais polêmico do planeta.
Elon Musk x Donald Trump: uma rivalidade explosiva
A tensão entre Elon Musk e Trump não começou na quinta-feira. Nas semanas anteriores, Musk já havia se manifestado contra um projeto fiscal de Trump que tramitava no Congresso norte-americano. O pacote, que incluía cortes de impostos para grandes corporações e retirada de subsídios para setores específicos, foi alvo de duras críticas por parte do bilionário. Musk, que dirige empresas fortemente ligadas à inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental, considera que os planos de Trump podem comprometer setores estratégicos para o futuro da economia dos Estados Unidos — especialmente o de veículos elétricos.
A situação piorou drasticamente quando Musk abandonou um conselho criado por Trump para reduzir a burocracia governamental. A saída foi interpretada como um gesto de ruptura, e o tom dos discursos aumentou. Em redes sociais, os dois trocaram farpas que culminaram com uma acusação extremamente grave: Musk insinuou que Trump teria ligação com o finado Jeffrey Epstein, acusado de tráfico humano e exploração de menores.
A resposta veio rápido. Trump declarou publicamente que poderia revisar todos os subsídios e contratos governamentais com empresas do grupo Musk, como Tesla e SpaceX, o que contribuiu para a queda brusca das ações no mercado financeiro.
Reação dos investidores e impacto nas ações da Tesla
O mercado reagiu de maneira imediata. As ações da Tesla, principal empresa do portfólio de Musk, despencaram 14% em poucas horas. A queda representou uma perda acumulada de 33% desde janeiro de 2025, quando Trump iniciou seu novo mandato presidencial. Segundo a Bloomberg, o valor de mercado da Tesla caiu mais de 80 bilhões de dólares em um único dia. Como Musk detém uma fatia significativa das ações, a sua fortuna também sofreu.
A perda bilionária pode parecer devastadora, mas analistas destacam que Musk tem apetite ao risco. Seu estilo ousado, muitas vezes impulsivo, já causou prejuízos antes, mas também garantiu retornos extraordinários aos seus acionistas. Não à toa, a Tesla ainda é avaliada em cerca de 610 bilhões de dólares — valor que se justifica, em grande parte, pela figura icônica do próprio Musk.
O empresário, embora tenha perdido bilhões, não parece preocupado. Quem acompanha sua trajetória sabe que ele já enfrentou diversos colapsos e ressurgiu com força. Essa volatilidade, inclusive, é uma das razões pelas quais seus investidores mais fiéis continuam apostando alto. Para muitos, Musk é uma montanha-russa: arriscado, mas potencialmente lucrativo.
Uma guerra de gigantes com repercussões globais
O embate entre dois titãs do poder mundial vai muito além de um simples desentendimento entre empresário e presidente. Ele reflete um embate ideológico sobre o papel do Estado na economia, o futuro das energias limpas e a influência das big techs no cenário político internacional.
Musk representa o novo: um capitalismo tecnológico, orientado por dados, inteligência artificial, energias sustentáveis e projetos espaciais ambiciosos. Trump, por sua vez, simboliza o conservadorismo econômico, o protecionismo e o estímulo a setores tradicionais da economia.
O risco de uma ruptura entre governo e setor privado pode impactar diretamente contratos públicos com a SpaceX, que atualmente fornece lançamentos de satélites para o Pentágono e a NASA. Além disso, a Starlink, que vem se tornando uma ferramenta geopolítica estratégica ao redor do mundo, pode ter seu crescimento desacelerado por retaliações governamentais.
Analistas não descartam que outras empresas associadas a Musk também sejam afetadas. O clima de incerteza jurídica e institucional que se forma ao redor das falas de Trump pode afastar novos investimentos, derrubar bolsas e alterar a estratégia de grandes fundos de tecnologia. O mercado teme que o conflito escale para o campo regulatório, afetando diretamente o setor de inovação.

Musk e o jogo de poder no século XXI
Mesmo diante da tempestade, Elon Musk continua sendo um dos protagonistas do capitalismo moderno. Ele não é apenas um CEO — é uma figura quase mítica, que molda mercados, influencia políticas públicas e alimenta o imaginário popular. Sua presença é vital para o valuation das empresas que lidera.
Há quem diga que o embate com Trump seja parte de uma jogada estratégica maior. Musk já demonstrou inúmeras vezes que entende o jogo político e que sabe como manipular narrativas para reposicionar suas empresas no mercado. Sua capacidade de recuperação é notória, e muitos investidores apostam que, após essa queda histórica, haverá uma reviravolta — como já ocorreu em ocasiões anteriores.
Enquanto isso, o mundo acompanha de perto os desdobramentos dessa disputa. A escalada verbal entre os dois nomes mais poderosos do planeta pode não ter acabado. E, para o público, resta apenas uma certeza: estamos diante de um confronto de proporções inéditas, com consequências que ainda estão por vir.
POR: Veja