A Operação Ágata Amazônia 2025 marca uma nova etapa na cooperação militar entre Brasil e Colômbia, com ações simultâneas em um trecho estratégico da fronteira entre os dois países, no rio Puruê, região sensível da Amazônia. A mobilização conjunta visa fortalecer a presença do Estado em áreas de difícil acesso e combater atividades ilícitas que ameaçam a segurança, o meio ambiente e as comunidades locais.
Coordenação e atuação conjunta na faixa de fronteira
A operação tem caráter espelhado, ou seja, acontece simultaneamente nos dois lados da fronteira, com mais de 200 militares envolvidos. Do lado brasileiro, a ação conta com militares experientes em patrulhamento fluvial e terrestre em ambiente de selva, enquanto o contingente colombiano é formado por tropas da Brigada de Selva Nr 26, uma unidade especializada em operações na floresta amazônica.
Um dos principais focos da operação é o combate à extração ilegal de minérios, especialmente a exploração clandestina de ouro por meio de dragas artesanais. Nos últimos dias, oito dessas embarcações foram neutralizadas no rio Puruê, interrompendo a retirada ilícita de aproximadamente 38 quilos de ouro por mês, conforme dados do General de Brigada Edilberto Cortés, comandante da Brigada colombiana.
Além da questão ambiental, a ação contribui para desarticular as estruturas financeiras do crime organizado, que utiliza a região para financiar suas atividades ilegais, o que representa uma ameaça constante à soberania e à segurança nacional dos dois países.
Impactos ambientais e sociais da mineração ilegal na Amazônia
A região do rio Puruê é reconhecida como uma das áreas mais sensíveis da fronteira Brasil-Colômbia. O solo da região sofre com uma sedimentação estimada em mais de 2 milhões de toneladas, agravada pela contaminação por mercúrio — metal tóxico amplamente utilizado na extração ilegal de ouro.
Esse quadro ambiental compromete diretamente a ictiofauna, fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas locais e para a subsistência das comunidades ribeirinhas e indígenas que habitam a zona intangível do Parque Nacional Natural do Puré. A extração predatória coloca em risco a saúde dessas populações, além de dificultar o acesso do Estado a essas regiões.
As ações coordenadas das Forças Armadas visam, portanto, não apenas coibir o crime organizado, mas também proteger a biodiversidade e garantir a sustentabilidade da Amazônia, reafirmando o compromisso do Brasil e da Colômbia com a preservação ambiental.
Avanços da Operação APOENA e integração das forças brasileiras
No âmbito da Operação Ágata Amazônia 2025, o Comando Conjunto APOENA também tem obtido resultados expressivos. Recentemente, em ações no rio Tanaã, no interior do Amazonas, seis dragas foram neutralizadas, somando 26 embarcações inutilizadas desde o início da operação.
A ofensiva coordenada pelas Forças Armadas brasileiras recebe apoio de órgãos como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Polícia Federal. Além das dragas, foram apreendidos um empurrador, uma embarcação pequena e 300 gramas de mercúrio.
A operação também intensificou o combate ao tráfico de drogas na região, com a apreensão de 226 kg de entorpecentes em Benjamin Constant (AM), incluindo pasta base de cocaína, cocaína pronta para consumo e maconha, em uma embarcação com destino a Manaus.
Tecnologia e monitoramento: armas essenciais na vigilância da Amazônia
O sucesso da operação é parcialmente atribuído ao uso avançado de tecnologia. O monitoramento das dragas ilegais no rio Puruê é realizado com imagens de satélite fornecidas pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM).
A Força Aérea Brasileira (FAB) utiliza sensores termais embarcados em aeronaves para detectar movimentações suspeitas e apoiar as equipes no terreno. A Marinha do Brasil colabora com helicópteros para reconhecimento aéreo e patrulhamento fluvial, garantindo uma cobertura eficiente das áreas-alvo.
Esse conjunto integrado de recursos tecnológicos e humanos é fundamental para superar os desafios de uma região extensa, de difícil acesso e com condições naturais adversas.

A dimensão social da Operação Ágata: saúde e assistência às comunidades
Além da repressão ao crime, a Operação Ágata Amazônia realiza ações sociais e assistenciais nas comunidades ribeirinhas e indígenas. Foram realizados mais de 48 mil procedimentos de saúde, incluindo atendimentos médicos, distribuição de medicamentos e kits odontológicos em 71 comunidades.
Esse aspecto reforça o compromisso do Estado brasileiro não só com a segurança e o meio ambiente, mas também com a qualidade de vida das populações tradicionais da Amazônia, promovendo inclusão e fortalecimento social.
A importância da cooperação bilateral e continuidade das ações
O Vice-Almirante João Alberto de Araújo Lampert, comandante do Comando Conjunto Ágata Amazônia 2025, destaca que a integração entre as Forças Armadas do Brasil e da Colômbia fortalece a soberania dos dois países e aumenta a eficácia no combate a crimes transfronteiriços.
A continuidade de operações como a Ágata e a Medusa, realizadas simultaneamente em territórios brasileiros e colombianos, é fundamental para manter a pressão sobre organizações criminosas que atuam na região.
Essa cooperação exemplifica como o trabalho conjunto entre nações vizinhas é essencial para enfrentar desafios comuns, especialmente em áreas estratégicas e vulneráveis.