Na última terça-feira (27), o Exército Brasileiro vivenciou uma tragédia durante um exercício de treinamento da Brigada de Infantaria Pára-quedista, realizado no âmbito da Operação SACI, em Mozarlândia, Goiás. O militar Leonardo Cristiã Silva da Cunha, de 23 anos, perdeu a vida após cair em uma represa durante o salto de paraquedas, não conseguindo se soltar do equipamento a tempo de se salvar.
O Desfecho Fatal de Um Treinamento de Pára-quedismo
Segundo o delegado responsável pelo caso, Willian Caio, Leonardo ficou submerso na água por sete minutos. O acidente aconteceu enquanto ele participava de um exercício realizado com dois aviões, cada um transportando 64 militares, totalizando 128 soldados que saltaram simultaneamente. O exercício acontecia em uma zona rural a cerca de 15 minutos de Mozarlândia, quando, devido a um erro durante a aterrissagem, Leonardo acabou caindo diretamente na represa.
O treinamento da Brigada de Infantaria Pára-quedista fazia parte de um exercício de rotina no âmbito da Operação SACI, um treinamento anual que visa testar as habilidades operacionais de combate, incluindo o salto de paraquedas em ambientes variados. A operação tem como objetivo garantir a capacitação das tropas para ações rápidas e eficazes, especialmente em situações de guerra.
O Que Aconteceu Durante o Treinamento?
De acordo com o delegado Willian, a equipe de soldados estava bem preparada e havia sido instruída sobre os procedimentos a serem seguidos ao aterrissar na água, uma situação comum em operações de combate. Porém, alguns militares se distanciaram do local de pouso e acabaram caindo na represa, o que resultou no trágico incidente com Leonardo.
Embora a situação tenha sido atípica, é comum que em exercícios militares em situações reais de guerra, os soldados tenham que lidar com ambientes aquáticos e se desvincilhar do equipamento de paraquedas para garantir sua segurança. No entanto, o motivo exato que impediu Leonardo de se soltar do paraquedas não foi imediatamente esclarecido, e o caso segue sob investigação.
Após a queda na água, a Brigada de Infantaria Pára-quedista agiu rapidamente para tentar reanimar Leonardo. O procedimento de ressuscitação foi realizado por mais de uma hora, mas, infelizmente, o militar não resistiu aos ferimentos. Leonardo foi encaminhado para um hospital em Anápolis, a cerca de 55 km de Goiânia, onde a morte foi confirmada.

Investigação e Apuração do Caso
Após o acidente, o delegado Willian Caio esclareceu que as informações coletadas foram repassadas diretamente ao oficial responsável pelo treinamento, que estava no local do incidente. A operação de resgate e as tentativas de reanimação destacam a rápida ação da equipe, mas, mesmo assim, não impediram a morte trágica de Leonardo.
Embora o acidente tenha ocorrido em uma zona civil, a competência para investigar as circunstâncias do incidente recai sobre a Justiça Militar Federal, dado que o caso envolveu um militar em serviço. O Exército Brasileiro, por sua vez, instaurou um processo administrativo para apurar as causas do ocorrido e tomar as devidas providências.
Em uma declaração oficial à imprensa, o Exército Brasileiro lamentou a perda de Leonardo e ressaltou que todos os protocolos de segurança foram seguidos. A instituição também expressou pesar à família do soldado e se comprometeu a fornecer apoio completo à investigação. O sepultamento de Leonardo aconteceu no sábado (30), em uma capela no Cemitério da Saudade Sulacap, no Rio de Janeiro, cidade natal do militar.
O Legado da Operação SACI e a Realidade dos Treinamentos Militares
A Operação SACI é realizada anualmente e visa a formação e treinamento de militares para missões em ambientes desafiadores. Em 2025, a operação teve início em 26 de maio, com o encerramento previsto para 6 de junho. Durante a operação, os soldados são submetidos a exercícios rigorosos que simulam situações de combate em território hostil, com saltos de paraquedas, movimentações táticas e incursões em zonas de risco.
Apesar dos rigorosos protocolos de segurança e treinamento especializado, os exercícios militares, principalmente os que envolvem paraquedismo e operações de risco elevado, estão sempre sujeitos a incidentes imprevistos. A perda de um militar em um exercício de treinamento é um evento trágico, mas também serve para reforçar a importância da segurança, do preparo psicológico e da constante avaliação dos procedimentos de segurança nas Forças Armadas.
No entanto, o Exército Brasileiro continua empenhado em aprimorar as capacidades operacionais de suas tropas, garantindo que, mesmo diante de tragédias, a missão de proteger a nação e garantir a defesa do país seja cumprida com excelência.
POR: G1 Goiás