Nesta segunda-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deve concluir a oitiva de todas as testemunhas relacionadas ao processo que investiga a trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-ministros do governo. O senador e ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN) será o último a depor, representando um capítulo crucial dessa etapa da instrução judicial.
Depoimentos e o papel das testemunhas no processo
Rogério Marinho foi convocado pelas defesas de Bolsonaro e do ex-ministro Walter Braga Netto para prestar depoimento. Com o encerramento dessas oitivas, o processo avançará para a próxima fase: os interrogatórios dos réus, momento em que os acusados terão a oportunidade de apresentar suas versões e se defender das acusações.
Na ação principal sobre a tentativa de golpe, constam oito réus: os ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira; o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos; o deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem; o ex-ajudante de ordens Mauro Cid; e o próprio Jair Bolsonaro.
Durante a instrução, as defesas ainda poderão solicitar a produção de novas provas, como perícias, e apresentar novas evidências, além de pedir ações complementares relacionadas aos fatos já investigados pela Polícia Federal (PF). A decisão sobre esses pedidos cabe ao relator do caso, ministro Alexandre de Moraes.
Interrogatórios, direitos dos réus e próximos passos do julgamento
Com a instrução concluída, o ministro Alexandre de Moraes deverá agendar os interrogatórios. Devido ao acordo de colaboração firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ele será o primeiro a depor, seguindo os procedimentos legais que asseguram o direito das defesas de responder a todas as acusações.
É importante destacar que todos os réus têm o direito constitucional de permanecer em silêncio durante seus interrogatórios, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo.
Após os interrogatórios, o relator abrirá um prazo para que a acusação e as defesas apresentem suas alegações finais. Por conta da delação de Mauro Cid, as defesas terão prioridade na ordem das manifestações, seguidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apresentará seus argumentos, e por fim as defesas de todos os acusados.
Essa etapa antecede o julgamento, quando o ministro Alexandre de Moraes lerá seu relatório e voto, que será acompanhado ou contestado pelos demais integrantes da Primeira Turma — ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. A decisão definirá a condenação ou absolvição dos réus.

O impacto político e jurídico do processo
O processo da trama golpista envolvendo figuras do governo Bolsonaro é um dos mais emblemáticos da atualidade, refletindo tensões políticas, o papel das instituições democráticas e o enfrentamento ao que se configura como ameaças à ordem constitucional.
A atuação do STF, por meio da Primeira Turma e do ministro Alexandre de Moraes, tem sido decisiva para manter o andamento rigoroso da investigação e garantir que os envolvidos sejam responsabilizados conforme a lei.
As delações, depoimentos e a produção de provas formam um conjunto complexo que será avaliado com rigor, marcando uma fase importante para o sistema judicial brasileiro.
Transparência e interesse público
O andamento do processo é acompanhado de perto pela sociedade e pela imprensa, dada a relevância dos fatos e as implicações para o futuro político do país. A publicidade dos atos judiciais permite o controle social e o debate democrático, essenciais para a consolidação das instituições.
Ao longo dessa fase processual, espera-se que todas as partes tenham ampla oportunidade de defesa, respeitando os princípios do contraditório e da ampla defesa, pilares do Estado Democrático de Direito.