O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, em pronunciamento contundente durante o Fórum de Segurança de Shangri-La em Singapura, destacou uma ameaça “real e possivelmente iminente” representada pela China na região da Ásia-Pacífico. O alerta reforça a crescente tensão geopolítica entre as duas potências, com foco especial nas movimentações militares chinesas ao redor de Taiwan e na disputa por controle do Mar do Sul da China.
Preparação militar chinesa e foco em Taiwan
Hegseth declarou que a China está se preparando de maneira clara e credível para o uso da força militar, caso necessário, para alterar o equilíbrio estratégico na região. Segundo ele, Pequim deseja dominar e controlar a Ásia-Pacífico, ampliando sua presença militar com treinamentos diários e intensificando manobras ao redor da ilha de Taiwan, cujo status é um ponto central da disputa.
Essas ações incluem a militarização de ilhas e recifes no Mar do Sul da China, muitos dos quais são reivindicados por países como Filipinas, Vietnã e Malásia. O secretário americano acusou a China de ocupar essas áreas de forma ilegal, elevando o risco de incidentes que podem desestabilizar ainda mais a região.
Resistência diplomática e acusações mútuas
O Fórum de Segurança de Shangri-La, maior evento do gênero na Ásia, contou com representantes de todo o continente e do mundo, mas a China enviou apenas o contra-almirante Hu Gangfeng como representante de menor escalão, evitando a presença de autoridades de alto nível.
Hu classificou as acusações americanas como infundadas e destinadas a semear discórdia e provocar confrontos. A diplomacia chinesa reafirmou sua posição de que Taiwan é uma parte indivisível do território nacional, rejeitando comparações com a situação da Ucrânia feitas por líderes ocidentais.
Enquanto isso, o presidente francês Emmanuel Macron defendeu durante o fórum a formação de novas alianças na Ásia para evitar que países da região se tornem vítimas da rivalidade entre superpotências, e cobrou que a China assuma um papel mais ativo na segurança internacional, criticando seu apoio à Rússia no conflito ucraniano.

Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth
O reposicionamento militar dos Estados Unidos e seus aliados
O alerta do Pentágono também evidenciou a prioridade estratégica dos Estados Unidos na região do Indo-Pacífico.
Hegseth enfatizou o retorno consolidado dos norte-americanos à região e a necessidade urgente de seus aliados asiáticos fortalecerem suas capacidades militares.
Ele citou o exemplo europeu, onde países como a Alemanha aumentam seus orçamentos de defesa para até 5% do PIB, inspirando os parceiros asiáticos a adotarem postura semelhante para enfrentar as ameaças regionais.
A União Europeia, representada pela chefe da diplomacia Kaja Kallas, reafirmou seu compromisso com uma estratégia de segurança renovada, baseada na paz respaldada por uma defesa sólida, enquanto Macron destacou a importância de alianças estratégicas para conter a expansão chinesa.
Geopolítica em ebulição: Ásia-Pacífico no centro das atenções globais
A rivalidade entre Estados Unidos e China ganhou nova intensidade com o retorno de Donald Trump à presidência americana, que aplicou tarifas recordes e adotou postura mais agressiva contra o comércio e influência chinesa.
O Fórum de Shangri-La deste ano serviu como palco para essas tensões, refletindo a complexidade e o equilíbrio delicado das relações internacionais na região. A militarização de áreas disputadas, as ameaças a Taiwan e a competição econômica criam um ambiente de constante vigilância e preparo militar.
A situação na Ásia-Pacífico é crucial não apenas para os países da região, mas para todo o mundo, devido à importância estratégica e econômica do território. O desfecho das disputas pode redefinir o cenário global nas próximas décadas.